O Dever chama - Carlos Farinha |
Joaquim parte hoje.
O país é distante, não tanto pela geografia, em que as distâncias se encurtam em voos corriqueiros e redes de wi-fi, mas pela crua realidade de um mundo diferente.
A Inês…. a Inês desdobra-se em múltiplos papeis.
Este guarda-o para si.
Não se agarrou à sua perna, nem o Joaquim se secou em madeira articulada.
Mas se olhasses com atenção vias como uma parte dela era a terra que o prendia, e que nele havia por breves instantes, o semblante do soldado que parte sem certeza.
Ambos sabem, que a Inês é mais mar do que terra. Que tem intrínseca a cadência serena, mesmo que se lhe atravessem tempestades, piratas ou monstros marinhos.
E que o Joaquim…. se revitaliza e reinventa, e que vai voltar cheio de uma humanidade que o marca e transforma a cada experiência.
Este retrato é de uma ínfima parte deles que tu intuis mas não vez!
Porque todo o mar tem um chão
E todo o sonho algo que fica para trás.
Boa viagem Joaquim!
Grande aventura!
Volta depressa!
Esta bateu fundo e são milhares que partem, por motivos tão diferentes. Uns pelo medo e horror da guerra, outros pela precariedade, outros pelo voluntariado, outros por questões de trabalho e não só, mas em todos eles e elas há um ponto em comum: a dor da partida, a dor de deixar o seu país e familiares e agarrados mas sempre agarrados à esperança que em alguns casos é tão ténue, de um dia poderem voltar.
ResponderEliminarEu parti e até hoje não consegui voltar ao país que me viu nascer e no qual vivi 26 anos. Dói...mas dói muito...daí não gostar nada de "despedidas".
Beijos sinceros
Nem sabes o bem que falaste...muitos temos em nós o Joaquim.
ResponderEliminarMas o Joaquim volta...porque parte nunca parte.